Controle para os analistas do comportamento é uma coisa, controle para os outros é outra coisa. Por “outros” quero dizer todos os psicólogos com a exceção dos analistas do comportamento. Temos concentrado nossos esforços no marketing das vantagens do controle por reforço positivo sobre o controle aversivo.
A luta dos outros psicólogos é contra o controle, mas eles não identificam reforço positivo como controle. Quando falamos “controle” eles entendem “coerção”. Também é raro encontrar-se esclarecimentos sobre as diferenças entre reforçadores arbitrários e reforçadores naturais (Moreira e Medeiros, 2007).
Controle, regulação e interação.
Somos todos contra o uso da coerção, assim como todos somos defensores dos
direitos humanos. Mas os analistas do comportamento não têm conseguido explicar que focinho de porco não é tomada. No lugar de controle a palavra regulação seria mais palatável para o público em geral. Controle é uma palavra de uso diário, com sentido negativo quando associada ao comportamento humano; não é adequada como termo técnico para descrever uma interação.
Controle e coerção.
Voltando à questão sobre controle e coerção. Dizemos que somos contra o uso de coerção, mas como o controle é inevitável, deve acontecer pelo uso de reforço positivo. Skinner até escreveu um livro sobre isso, “Walden two” (Skinner, 1948). Alguns analistas do comportamento o tomam como um projeto para uma sociedade perfeita. Alguns destes chegaram mesmo a organizar comunidades experimentais seguindo suas regras. Não precisamos de experimentos para mostrar os efeitos danosos da coerção. Skinner fez campanha contra o uso da punição sem recorrer a qualquer experimento importante (Skinner, 1953). Murray Sidman poderia ter escrito seu livro “Coerção” (Sidman, 2000) sem todos aqueles procedimentos experimentais que desenvolveu nos anos 50.
O controle aversivo tem conseqüências colaterais indesejáveis, mas quem foi que disse que o planejamento de nossa realidade foi inteligente? A maioria dos problemas que chegam para o psicólogo deriva de alguma maneira de exposição ao controle aversivo. Apesar disso usamos mais o nosso tempo ensinando aos alunos as maneiras conhecidas de uso do reforço positivo para mudar o comportamento operante.
Operantes e respondentes.
A maioria dos subprodutos indesejáveis do controle aversivo envolve respondentes. Mas como experimentos sobre controle aversivo foram praticamente banidos nos últimos 30 anos, temos poucos dados sobre o desenvolvimento em longo prazo do controle aversivo. E quando experimentos são publicados, geralmente envolvem apenas análise experimental do comportamento operante. Acabamos nos tornando superespecializados.
Interação operante-respondente.
Algumas leituras:
Cameschi, C. E. & Abreu-Rodrigues, J. (2005). Contingências aversivas e comportamento emocional. Em J. Abreu-Rodrigues & M. R. Ribeiro (Orgs.), Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação (pp.113-137). Porto Alegre: Artmed.
Moreira, M. B. e Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed. Capítulo 5, p. 91-93.
Referências Bibliográficas
Moreira, M. B., & Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed.
Sidman, M. (2000). Coertion and its fallouts. Revised edition. Boston, MA: Authors Cooperative Inc. Publishers.
Skinner, B. F. (1948). Walden two. New York, NY: McMillan.
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York, NY: McMillan.