domingo, 11 de janeiro de 2015

Planejamento cultural: de boas intenções o inferno está cheio.


O olho do dono é que engorda o boi. Decretos não mudam comportamento. Sem a certeza de punição não adianta campanha de marketing em todos os meios de comunicação para dizer que se correr o bicho pega. Cadê o bicho? Se o gato comeu, tchau e benção. Se o poder de polícia do governo estiver desmoralizado nenhuma lei nova pega.
Por outro lado, governos podem também incentivar de maneira positiva. Governos de qualquer partido, entre falcatruas e malfeitos, estelionatos eleitorais e conchavos, costumam acertar de vez em quando. Um exemplo disso foi o Programa Produtor de Água desenvolvido pela Agência Nacional de Águas do governo federal, planejado para remunerar quem ajudar a recompor ou a preservar o meio ambiente. No Distrito Federal a Bacia do Ribeirão Pipiripau, por sua importância para o abastecimento de água de Brasília, foi escolhida pela ANA para o início do programa no país, segundo a jornalista Ariadne Sakkis no jornal Correio Braziliense de 30 de abril de 2012. Vejamos as contingências (relações condicionais) planejadas pela política de Pagamento por Serviços Ambientais (reforço positivo como consequência de comportamentos socialmente desejáveis):
1.   Se o agricultor conservar e solo e reduzir a erosão então receberá entre R$ 30 e R$ 80 anuais por hectare.
2.   Se restaurar ou conservar Área de Preservação Permanente ou Reserva Legal, então receberá entre R$ 50 e R$ 200 por hectare de vegetação nativa plantada ou preservada.
3.   Se conservar remanescentes de vegetação nativa, então receberá de R$ 40 a R$ 160 anuais por hectare.

Como todo analista do comportamento sabe, regras e contingências só regulam comportamentos quando vigoram de fato. Alguém sabe a quantas anda esse programa? Qual é a percentagem dos milhões de agricultores brasileiros que se beneficiam dele? Quantos ministérios e secretarias estaduais e municipais devem colaborar para a efetiva implantação do programa? Se parou, parou por quê?

Voltando ao boi que engorda quando o dono vigia, o dono da lei é o povo, e é em seu nome que o legislativo faz leis, o governo governa e o judiciário manda punir desobediências. Nada vai funcionar bem se o povo não vigiar. Talvez por isso nenhum dos três poderes está realmente interessado em educar o povo.

         

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