quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Em defesa das terapias cognitivas


Terapias cognitivas como aquelas descritas nos escritos de Beck pai e Beck filha são herdeiras de uma linhagem antiga, a Behavior Therapy, que não tem nada a ver com Skinner ou Análise do Comportamento. Apesar do nome, seu arcabouço teórico não tem qualquer relação com uma ciência natural. Apropriam-se de técnicas desenvolvidas a partir de ciência ou de prática para oferecer instrumentos destinados a alterar o aparato mental do cliente. Uma das pioneiras das chamadas TCs foi a Rational Emotional Therapy, de Ellis, que juntou conhecimentos sobre respondentes a partir de Pavlov e sobre operantes a partir de Skinner, misturou com bom senso, e comercializou a inovação.
Não vejo nada de errado com as terapias cognitivas, desde que se apresentem como são: incompatíveis com o behaviorismo que orienta a Análise do Comportamento. Não são behavioristas por definição, por crença, por preferência ideológica. Usar o adjetivo comportamental porque levam em consideração o comportamento do cliente não é justificativa para a denominação terapia cognitivo-comportamental. Todas as psicoterapias de uma forma ou de outra trabalham com comportamento, mas ainda não vi anúncios de uma terapia psicanalítica-comportamental, ou de uma terapia comportamental gestáltica, etc.
Se não querem vender gato por lebre, como acredito que não queiram, os que organizam encontros, congressos, cursos e oferecem serviços deveriam ostentar o nome terapia cognitiva sem pegar carona no comportamental. A Associação Brasileira de Análise do Comportamento (ACBr) e a Federação Brasileira de Terapias Cognitivas poderiam, fraternalmente, juntar-se no esforço de esclarecer ao público quem é quem.


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