Terapias cognitivas como aquelas descritas nos escritos de
Beck pai e Beck filha são herdeiras de uma linhagem antiga, a Behavior Therapy,
que não tem nada a ver com Skinner ou Análise do Comportamento. Apesar do nome,
seu arcabouço teórico não tem qualquer relação com uma ciência natural.
Apropriam-se de técnicas desenvolvidas a partir de ciência ou de prática para
oferecer instrumentos destinados a alterar o aparato mental do cliente. Uma das
pioneiras das chamadas TCs foi a Rational Emotional Therapy, de Ellis, que
juntou conhecimentos sobre respondentes a partir de Pavlov e sobre operantes a
partir de Skinner, misturou com bom senso, e comercializou a inovação.
Não vejo nada de errado com as terapias cognitivas, desde
que se apresentem como são: incompatíveis com o behaviorismo que orienta a
Análise do Comportamento. Não são behavioristas por definição, por crença, por
preferência ideológica. Usar o adjetivo comportamental
porque levam em consideração o comportamento do cliente não é justificativa
para a denominação terapia cognitivo-comportamental. Todas as psicoterapias de
uma forma ou de outra trabalham com comportamento, mas ainda não vi anúncios de
uma terapia psicanalítica-comportamental, ou de uma terapia comportamental
gestáltica, etc.
Se não querem vender gato por lebre, como acredito que não
queiram, os que organizam encontros, congressos, cursos e oferecem serviços
deveriam ostentar o nome terapia cognitiva sem pegar carona no comportamental.
A Associação Brasileira de Análise do Comportamento (ACBr) e a Federação
Brasileira de Terapias Cognitivas poderiam, fraternalmente, juntar-se no
esforço de esclarecer ao público quem é quem.
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