Cara Rosely,
Parabéns pela coluna “Cantinho do Castigo”. É muito
importante usar uma coluna tão lida para alertar mães, pais e cuidadores sobre
o uso indiscriminado de estratégias comportamentais na educação de seus filhos.
Mas também é importante ser acurado na nomeação de estratégias. Usar
adestramento, condicionamento, controle, como características de uma psicologia
comportamental é deseducar o leitor. Não sei a qual psicologia comportamental
você se refere, mas certamente não é a Análise do Comportamento (comportamental
virou adjetivo atraente, usado para dar upgrade a outras marcas).
É sempre arriscado transformar em
técnicas de fácil manejo aspectos de estratégias terapêuticas, como por exemplo,
a popularização de interpretações
“psicanalíticas”. É o caso mencionado em “Cantinho do Castigo”, sobre ser comum
na internet “artigos, blogs, reportagens com listas e recomendações aos pais
para bem educar os filhos”. O uso indiscriminado do time-out descaracteriza
qualquer abordagem educativa e/ou terapêutica. Time-out quer dizer, em bom
português, suspensão temporária sinalizada das consequências que mantêm uma
interação. No exemplo da coluna a birra da criança ocorre na presença dos pais
ou cuidadores. Nunca se viu ou ouviu birra quando a criança está se divertindo
com seu vídeo-game favorito. A birra ocorre quando uma demanda não é atendida
ou quando os adultos não lhe dão atenção. Birra é aprendida. A voz da criança
tende a aumentar de intensidade, até virar berro, quando somente seus gritos
recebem a atenção da mãe. Só colocar a
criança no “cantinho do castigo” não resolve, mesmo que venha com a ordem para
refletir sobre o que fez. Remover a criança da sala resolve temporariamente o
problema da mãe, não o problema da relação mãe-criança.
Qualquer forma de punição é
indesejável, é algo a ser evitado sempre que possível. Essa é uma das
principais mensagens da Análise do
Comportamento. Quando é inevitável, o time-out é a forma mais branda de
punição. Se a birra é mantida pela atenção da mãe, o que se recomenda é dar
atenção à criança de forma a evitar
situações nas quais a criança só consegue atenção berrando. Isso envolve a
educação de mães, pais, cuidadores, para uma boa interação com a criança. O que
não quer dizer elogiar todo bom comportamento e punir todo comportamento
indesejável. A Análise do Comportamento não programa robôs.
Remédios embalados em caixas com faixa
vermelha são vendidos apenas com receita médica. Sem a orientação de um
analista do comportamento técnicas como o time-out são tão ou mais perigosas
que muitos remédios. Divulgações irresponsáveis como as que você acusa deveriam
também vir com uma advertência ao público: “O uso indiscriminado destas
técnicas é prejudicial às suas relações interpessoais”.
João Claudio
Todorov
Professor
Emérito e Pesquisador Associado do Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Comportamento da Universidade de Brasília
Perfeito, professor Todorov.
ResponderExcluirMuito bom Professor.
ResponderExcluirExcelente alerta!
ResponderExcluirGrande! Estes "esclarecimentos" precisam ser feitos com mais constância.
ResponderExcluirGostei muito do texto (principalmente do último parágrafo)!
ResponderExcluirNão sou especialista na área e tál mais sou "bacharel" em(babá) e descordo do termo "Qualquer forma de punição é indesejável e deve ser evitado" ...Explico: quando uma criança ao invés de falar grita e berra principalmente com os pais é porque além de querer chamar atenção obviamente,é algo que já faz parte de sua rotina o mais correto nesses casos é nunca dá o que ela quer até que ela baixe o tom olhar nos olhos dela e dizer em voz BAIXA e tranquila :enquanto vc estiver gritando e berrando não terá nada de mim e claro ela continuará gritando ,então firmamente e sem culpa mantenha sua palavra e NÃO dê o que ela quer.
ResponderExcluirNo dia seguinte ela continuará gritando e fazendo o mesmo de sempre porque já é algo natural rotineiro e vc continuará firme em dizer: enquanto estiver berrando ao invés de falar NÃO darei o que vc quer com uma semana vc agindo assim vc notará mudanças nela.OBS: jamais ceda o NÃO nesse momento não tem volta
Outra OBS: importamte:sempre que vc perceber que ela falar ao invés de gritar há elogie e muito para ela se sentir motivada cada vez mais e verá que com o tempo e dedicação e naturalmente esse tipo de comportamento vai desaparecendo.E quanto ao Canto da Disciplina penso que ás vezes é necessário principalmente quando se tem mais de 1 criança por exemplo irmãos claro sempre com cautela .Exemplo o irmão mais velho ou vice-versa arremessa um brinquedo no irmão menor e vc que está alí na hora e presencia a cena e aí?? vai bater?vai gritar?puxar pelo braço?chacoalhar?Não vc simplesmente pegue pela mãozinha e sem muitos argumentos leve-o até o Cantinho e em poucas palavras mostre a ele que aquilo não foi legal e o deixe lá por uns minutos,ele saberá o porque dele está alí,não será os seus gritos e nem seus berros que vai disciplinar senão a maneira com que vc olha para ele a cada arte ou birra e lhe explique que aquilo não foi legal o que ele fez,quanto mais baixo o tom de voz e firme mais positivo será o resultado final.