quinta-feira, 3 de outubro de 2013

RESPOSTAS A PERGUNTAS SOBRE A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Estas respostas às perguntas frequentemente encontradas no Facebook foram escritas e largamente divulgadas semanas antes da reunião anual da ABPMC. A mudança no estatuto da ABPMC ocorreu em assembleia que se reuniu em Fortaleza, incorporando vários aspectos do estatuto da Associação Brasileira de Análise do Comportamento. A seguir a íntegra das respostas que escrevi.

1-     A apresentação da proposta de uma nova Associação pegou todos de surpresa. Qual o cenário que os motivou a propor uma nova Associação?

Pegou de surpresa quem não acompanhou o trajeto da ABPMC ao longo dos últimos 22 anos. A ABPMC cresceu com uma reunião anual, a publicação dos anais em forma de livro na bem sucedida coleção Sobre Comportamento e Cognição, e na publicação da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Os títulos dos livros e da revista bastam para mostrar que a ABPMC era e é uma associação mais ampla que uma de analistas do comportamento. Há vinte e dois anos que a maioria de analistas do comportamento colabora para o fortalecimento da terapia cognitiva e outras abordagens não-comportamentalistas.

2-     A proposta apresentada pelos senhores não poderia ser contemplada pela ABPMC? Por que então uma nova associação?

Poderia ser se não fosse o que é. Com a obrigação da reunião anual e as publicações e sem estrutura profissional não sobram tempo nem recursos para a diretoria desenvolver as atividades previstas no estatuto da ACBr, uma associação exclusiva, de e para analistas do comportamento.

3-     Há quanto tempo os senhores têm discutido a proposta da ACBr? Porque só agora, às vésperas do conhecido evento da ABPMC?

Pelo menos desde maio de 2003 quando a ABAI se preparava para fazer no Brasil seu congresso internacional em 2004. De lá para cá a ABPMC recusou-se a se relacionar formalmente com a entidade internacional (que só aconteceu por esforço pessoal de Martha Hubner), recusou a proposta de divisões regionais, e continuou a ser principalmente uma associação de terapeutas, comportamentais ou não.  Enquanto isso o campo de atuação profissional do analista do comportamento é invadido por pessoas sem formação que se dizem especialistas. Três reuniões para tratar do assunto que aconteceram no primeiro semestre deste ano nos convenceram que a ABPMC, por sua composição e sua história, nunca seria uma associação só e para analistas do comportamento, psicólogos ou não.

4-     Nas redes sociais foi aventado que a estruturação da ACBr não teve transparência. O que os senhores têm a dizer aos nossos leitores?

Um anúncio da intenção foi amplamente divulgado. A receptividade ao anúncio levou à elaboração, aprovação e publicação dos estatutos com regras claras para associação de interessados. Eleitos uma diretoria e conselho uma assembleia pode ser convocada para ratificar ou retificar esses estatutos. Quem acha que é mais transparente e democrático convocar primeiro uma assembleia e nela começar a pensar os estatutos pode tentar esse caminho.

5-     Porque foram escolhidos somente cinco “figuras” ou “personalidades” para discutir um estatuto que representará toda uma comunidade?

A pergunta é ofensiva. Os analistas do comportamento que aceitaram a tarefa foram escolhidos por sua experiência e competência e não merecem ser desmerecidos por termos como “figuras” e “personalidades”. Além de ofensiva é equivocada. Que comunidade?  A ABPMC não representa mais que a comunidade de seus associados (behavioristas ou não). A ACBr só vai falar em nome de seus associados (analistas do comportamento). A pergunta se refere a qual comunidade? Uma potencial que incluiria todos os que anunciam inserindo a palavra ”comportamental” em seus anúncios, como se vê em sites na internet do tipo “Fulano, analista do comportamento, especialista em terapia cognitivo-comportamental”?

6-     No início havia um representante das práticas analítico comportamentais aplicadas à educação especial. Esse representante saiu da comissão e não foi reposto outro representante. No estatuto é possível observar que não há mais essa representação. O contexto inicial dessa representação esteve ligado à discussão sobre certificação de analistas do comportamento? Se sim, porque essa representação foi retirada do estatuto aprovado?

Porque a ACBr é associação de analistas do comportamento, não só dos que trabalham com educação especial. Estava porque foi colocada por alguém que trabalha com autismo e foi retirada porque seria muito extenso colocar todos os outros campos de atividade do analista do comportamento.

7-     Há alguma “rixa” entre os proponentes da ACBr e a diretoria da ABPMC? O que houve nos bastidores para que os senhores propusessem a ACBr?

Não há rixa. Somos todos associados da ABPMC e da SBP. Alguns são Conselheiros. das duas associações. Falamos a mesma língua nos bastidores e no palco. Divergências não têm que levar a inimizades.

8-     Na opinião dos senhores a principal oposição da ABPMC em relação à ACBr seria em relação à certificação de analistas do comportamento?

Não. Essa questão foi colocada pela ABPMC na reunião de Salvador. Não há como saber de que maneira a assembleia da ACBr  eventualmente vai se manifestar sobre isso. É uma questão muito mais delicada que envolve uma disposição latinoamericana de evitar um controle americano do credenciamento no mundo.

9-   Alguns acreditam que uma Associação restritiva iria enfraquecer a representatividade da Análise do Comportamento no cenário nacional. O que os senhores pensam sobre essa crítica? Isso não poderia gerar uma versão brasileira da Análise do Comportamento?

Não. Só vai aumentar a representatividade e a força política. Quantas associações se originaram na ABPMC e se tornaram independentes sem prejudicar seu futuro?  Só de Campinas foram duas. A Associação Brasileira de Terapia Cognitiva é outra. A ACBr vem fortalecer a análise do comportamento e, por tabela, a ABPMC enquanto ela for também de analistas do comportamento.
Uma análise do comportamento versão brasileira é aquela desenvolvida por quem só publica em português, só lê textos em português de quem não acompanha o que acontece no mundo. Não é o caso da ABPMC nem será o caso da ACBr.

11-   No passado houve uma associação de análise do comportamento brasileira, mas a ideia ruiu. Porque os senhores acreditam que nesse momento, a nova associação irá ser replicada?

A ACBr não se responsabiliza pelo que aconteceu há mais de vinte anos. Por que a ABPMC matou a ABAC? Perguntem a quem estava lá.

12-   É de conhecimento geral que há dificuldades no estabelecimento de grupo diretor, as grandes personalidades da análise do comportamento normalmente não se comprometem com o volume de trabalho em tocar uma associação, ABPMC sofre desse mal. Isso também não ocorrerá com a ACBr?

Vejam a diferença na estrutura diretiva determinada pelos estatutos. A ABPMC nasceu como uma reunião anual, informal, de modificadores do comportamento. Sem sede, sem contador, sem livro caixa, sem CNPJ. Os auxílios à FAPESP eram pedidos por pessoa física, um pesquisador que depois prestava conta. O processo de formalização da ABPMC é recente e comprova como práticas culturais estabelecidas são resistentes à mudança.

13-   Houve grande comoção nas redes sociais em relação à proposta, muitos apareceram para se posicionar como se estivessem em defesa da ABPMC. O que os senhores acham que motivaram essas pessoas, porque tanta comoção diante de uma proposta como a da ACBr?

Porque importantes personalidades históricas da ABPMC se sentiram ameaçadas e levaram sua inquietação para a internet. Só o tempo vai acalmar os respondentes eliciados pelo lançamento da ACBr. Foi o que aconteceu na SBP quando a Associação de Modificação do Comportamento (Precursora da ABAC e da ABPMC) foi criada há décadas.

14-   Constantemente é discutido nas redes sociais que a ACBr ou seus proponentes deveriam discutir a nova associação no evento da ABPMC, mas os senhores declinaram dos constantes convites. Porque não discutir a ACBr durante o evento da ABPMC?

Porque não se trata de criar divisão ou departamento da ABPMC. Discute-se a criação de nova associação com quem quer associar-se. Como queremos continuar trabalhando em conjunto, anunciamos a criação da ACBr em correspondência formal aos Presidentes da SBP e da ABPMC.

      

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