Psicoterapia
versus Psicofarmacologia
Drogas não produzem comportamento.
Psicotrópicos atuam no sistema nervoso, aumentando ou diminuindo indiretamente
a frequência de comportamentos pré-existentes, alterando condições que fazem
parte de interações comportamento-ambiente, como nível de ansiedade.
Isoladamente não têm efeito duradouro, mas produzem importantes efeitos
indiretos. Essa parece ser a razão para que o tratamento com psicofármacos ser
mais frequente que o tratamento psicoterápico. A psicoterapia não vê o
comportamento como sintoma, vê como
parte da convivência da pessoa com seu meio social. Nós somos hoje o resultado
de escolhas que fizemos e de escolhas que fizeram por nós. Entender o que
ocorre ao seu redor é resultado de aprendizagem, por isso psicoterapia leva
tempo; maior ou menor dependendo do objetivo (há casos bem sucedidos nos quais
uma psicoterapia estruturada de 20 sessões resolveu o problema).
Dados recentes de pesquisa nos
Estados Unidos mostram aumento de tratamentos mistos e diminuição de
tratamentos psicoterápicos sem uso de fármacos. Esse aumento na abordagem
médica não tem que significar aumento na eficácia do tratamento. O uso de
Ritalina por crianças hiperativas, por exemplo, diminui a hiperatividade das
crianças apenas enquanto ativa no organismo, mas diminui e muito a ansiedade
dos pais. Não resolve, mas dá um descanso para a família e mais chance de
interagir proveitosamente com o ambiente
social.
Se a psicofarmacologia resolve só a
curto prazo (o efeito da droga é eterno enquanto dura... ), a psicoterapia
precisa de tempo, podendo complicar a curto prazo (sentimento ilhado, morto e
amordaçado, volta a incomodar – com agradecimentos ao Fagner). Como a
psicoterapia afeta todas as esferas da vida, não é de se estranhar a existência
de tantas abordagens, algumas centrando só nas relações do presente, outras
buscando razões no passado via lembranças desencavadas, outras no equilíbrio e
bem estar do organismo, etc. A atual exigência do governo norte-americano de
constatação empírica de sucesso antes de dar mais verbas para esta ou aquela
abordagem levou a A American Psychological Association a constituir grupo de
trabalho para avaliar pesquisas que atestam esses comprovantes de eficácia. O
esforço do APA é louvável; o Golias que é a indústria farmacêutica investe muito
em pesquisa todos os anos. Do lado da Psicologia é recente a preocupação com
demonstração de resultados, uma tradição da Análise do Comportamento.
Essa redação teria que chegar aos Órgãos de fomento à pesquisa. No Brasil, a verba aplica à pesquisa está, principalmente, direcionada para as ciências agrárias (biológicas) e exatas. Um rápido levantamento do apoio à pesquisa no CNPq é suficiente para revelar isso:
ResponderExcluirGrande Área Quant. % (*)
Ciências Biológicas 2178 17,99%
Ciências Agrárias 1881 15,53%
Engenharias 1673 13,82%
Ciências Exatas e da Terra 1616 13,35%
Ciências da Saúde 1541 12,73%
Ciências Humanas 1509 12,46%
Ciências Sociais Aplicadas 938 7,75%
Outra 545 4,50%
Lingüística, Letras e Artes 215 1,78%
ótimoooo Texto!
ResponderExcluirObrigado! Considero meu comportamento de escrever reforçado.
ExcluirMuito bom! Gostei da sensibilidade e a forma de explicar sobre a temática!
ResponderExcluirObrigado, Cristina. São textos escritos para o aluno de graduação iniciante e para o público leigo.
ExcluirO texto está acessível para uma pessoa leiga (mas interessada) como eu.
ResponderExcluirMuito bom o texto fala de forma clara que drogas não produzem comportamentos . Por essa razão somente fazer uso de medicação não resolve o problema.
ResponderExcluirObrigado, Lúcia.
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