Dia sim,
dia não, algum jornal, ou revista, ou programa de rádio ou TV, dá notícias de
excesso de chuvas em algum lugar, falta prolongada em outros, geleiras
derretendo mais do que deveriam, temperatura média da Terra aumentando. Os
céticos argumentam que ciclos de aumento e diminuição da temperatura foram
frequentes nos milhões de anos do passado conhecido de nosso planeta. Não
haveria nada a fazer que pudesse impedir o atual aquecimento – argumento ideal
para as empresas que mais poluem e os governos bancados por elas. Pode até ser
verdade – mesmo com toda a energia necessária sendo gerada por fontes não
poluentes, solares ou eólicas, o aquecimento global continuaria aumentando por causas
que fogem ao nosso controle. Pode ser. E se não for? Ficamos em situação delicada, a decisão deve
levar em conta dois tipos de erros.
Erro Tipo 1
Decidimos
que o aquecimento global é culpa da poluição produzida por nós.
Se estivermos certos as providencias que tomarmos podem aliviar a situação controlando os níveis de poluição.
Se estivermos errados, o aquecimento continuará, mesmo sem mais poluição. Mas os recursos terão sido bem aplicados, pois haverá menos poluição.
Erro Tipo 2
Decidimos
que o aquecimento global não tem nada a ver com nosso comportamento.
Se estivermos certos predadores do ambiente terão menos
oposição, poluindo cada vez mais, tornando insuportável a vida nas grandes
cidades.
Se estivermos errados os predadores continuarão apressando o
aquecimento global e tornando a Terra um planeta cada vez menos habitável.
Quando
escrevi sobre isso em 2010 a comunidade científica mundial ainda não tinha
fechado questão. Informações sobre ciclos de aquecimento-esfriamento da Terra
ao longo de muitos séculos, mais informações sobre a reciclagem de carbono nos
oceanos, por exemplo, eram usadas pelos que não acreditavam na importância das
ações humanas para o aquecimento. Em cinco anos já não se vê controvérsia nos
meios científicos, seja pelo acúmulo de informações sobre o efeito deletério do
uso de combustíveis fósseis, ou das notícias sobre excesso ou falta de chuva em
regiões aonde isso não é comum, seja pelo reconhecimento do risco menor do Erro
Tipo 1 em situações de incerteza.
-----
Todorov, J. C. (2010). On global warming and local indifference: Behavioral analysis of what persons can do about their own near environment. Behavior and Social Issues, 19, 119-123.
Sempre muito bem argumentados, os textos do professor Dr João Cláudio Todorov!!
ResponderExcluir