Conceitos
como o de metacontingência tornam possível tratar de assuntos culturais sem
precisar recorrer a um diferente nível de linguagem. Podemos nos referir a questões sociais
utilizando termos que se relacionam diretamente a contingências
comportamentais. O conceito de metacontingência é um novo instrumento, um novo
conceito que pode ampliar nossa compreensão de práticas culturais.
Eram
de se esperar objeções à análise comportamental de práticas culturais.
Nós, analistas do comportamento, estamos tão entusiasmados com os
avanços práticos no campo que tendemos a minimizar as ações deletérias da
oposição. O fato é que nossa visão do homem no mundo vai contra séculos de sua
glorificação como medida de todas as coisas; estamos em uma posição
pós-renascentista.
Não há
como evitar as objeções à análise do comportamento levantadas por aqueles que
acreditam que o homem é diferente, em sua essência, do mundo natural. Na
maioria dos casos o outro lado advoga uma abordagem holística à pessoa e a
palavra comportamento é vista como anátema. Em vez de entrar em uma discussão
sem fim, acredito que devemos mostrar novos dados para aqueles preocupados com
ações sociais, dados úteis que a análise comportamental pode produzir.
Nesse sentido, o que deveríamos fazer é aplicar novos conceitos a
problemas práticos e mostrar que eles podem ser úteis aos interessados na
análise e na modificação de práticas culturais. Precisamos de mais trabalhos
como os de Sigrid Glenn, Maria Malott, Joel Greenspoon, Richard Rakos, Mark
Mattaini, para mencionar somente algumas contribuições memoráveis. Estaremos
entrando na área da Educação, da Ciência Política, da Sociologia, da
Antropologia e da Economia. Sabemos que, no passado, analistas do comportamento
já cruzaram fronteiras, como Jack Michael,Teodoro Ayllon, e Luiz Otávio de Seixas Queiroz, trabalhando em hospitais psiquiátricos, e Skinner e Fred Keller buscando mudar a educação a partir de
métodos analíticos comportamentais. A suposição, não testada, era a de que se
poderia mudar o grupo por meio do controle das contingências para o
comportamento individual; talvez possamos tirar proveito de um novo olhar para
tentativas semelhantes examinando, especialmente, as que falharam.
Por não nos preocuparmos muito com estar cruzando fronteiras,
certamente provocaremos algumas reações negativas de colegas, psicólogos ou
não, mas isso não será novidade para a análise do comportamento.
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Tradução feita por Maria
Silvia Ribeiro Todorov de partes de um texto publicado originalmente em inglês.
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