Práticas culturais não mudam facilmente, por várias razões.
Quando os comportamentos que caracterizam a prática são mantidos por coerção,
uma análise custo-benefício de uma rebelião pode resultar em manutenção das
práticas a longo prazo. No 4 de julho deste ano o jornal NY Times publicou em
página inteira uma foto da Declaração de Independência dos Estados Unidos, que
é encabeçada pelo título “ The unanimous Declaration of Independence of the
united States of America” (atentar para o United
em letra minúscula). Uma das razões para separar-se da Inglaterra mostra
que as relações condicionais da análise do Comportamento já eram de certa forma
implicitamente conhecidas da assembleia de representantes das treze Colônias:
argumentam que quando o sofrimento não é intenso as pessoas se acomodam e
aceitam a coerção, só se rebelam quando quem maneja as contingências exagera. A
maior parte da Declaração é uma listagem dos exageros da Coroa Britânica, aqui
vista como Agência de Controle no sentido skinneriano do termo.
Outro exemplo vem também de matéria no NY times de 5 de
julho. No mundo inteiro todos reclamam do frio intenso dos ambientes com ar
condicionado durante o verão. A reclamação é unânime, mas ninguém faz nada. Ou
não fazia, até que alguém resolveu fazer pesquisa em uma empresa e descobriu
que diminuindo o frio do sistema diminui-se também o número de empregados que
adoecem, ao mesmo tempo em que a empresa economiza na conta de luz. Neste caso,
quem reage ao exagero é a Agência de Controle (a empresa), os empregados estão
tão acostumados ao controle aversivo que não ousam reclamar.
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