“Em resumo, no
campo do comportamento como um todo, as contingências de reforço que definem o
comportamento operante estão por toda parte. Aqueles sensíveis a esse fato às
vezes ficam embaraçados com a frequência com a qual eles veem reforço por toda
parte, como os marxistas veem a luta de classes ou os freudianos o complexo de
Édipo.” (Skinner,
1966, p. 31)
A Psicologia é o estudo de interações comportamento-ambiente,
qualquer que seja a abordagem que você prefira. Todas estudam a relação entre
algum processo do organismo e algum aspecto do ambiente, interno ou externo ao
próprio organismo (Todorov, 1989, 1991, 2007, 2012). É nesse sentido que a palavra
comportamento é usada na Análise do Comportamento – que não estuda o
comportamento, estuda interações comportamento- ambiente. Não só não estuda o
comportamento: especializou-se em relações que envolvem apenas dois tipos de
comportamento, o respondente e o operante. Na prática há uma superespecialização
em operantes (Todorov, 2012).
Operantes e respondentes são dois tipos de relações de
contingência, ou relações condicionais. Por isso podemos afirmar que a Análise
do Comportamento é a ciência das relações condicionais comportamento- ambiente.
Em um caso a interação estudada envolve a relação condicional entre dois
estímulos (respondente), no outro a relação entre, pelo menos, um comportamento
e um estímulo (operante).
O que define um operante não é a identificação do
comportamento, é a identificação da contingência operante da qual o
comportamento faz parte: antecedente-comportamento-consequência (Todorov, 1985, 2002).
Confundir comportamento com operante tem levado a que alguns autores definam
comportamento como a interação organismo-ambiente (Todorov, 2012).
Definem assim, mas eles mesmos não usam “comportamento” com esse sentido.
Outra confusão é muito comum: efeito e consequência.
Quando alguém fala, a passagem do ar pelas cordas vocais provoca um efeito no
ambiente externo: ondas sonoras. A consequência do que foi falado depende da
recepção desse efeito pelos receptores auditivos dos possíveis ouvintes. O
efeito é um movimento do ar, a consequência pode ser a reação de outra pessoa.
A mudança de alguma parte do organismo e seu efeito no ambiente são um
processo, a mudança e o efeito ocorrem no tempo, mas não é esse o processo que
mais interessa seja à Psicologia, seja à Análise do Comportamento. O processo é
outro, aquele que envolve comportamento e ambiente, seja apenas como
antecedente (respondente), seja como consequência (operante).
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Todorov, J. C. (1985). O conceito de
contingência tríplice na análise do comportamento humano. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 1(1), 75-88.
Todorov, J.C. (1989/2007). A psicologia como o
estudo de interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 3, 325-347.
Reimpresso em Todorov, J. C. (2007).
A Psicologia como o estudo de interações. Psicologia. Teoria e pesquisa, 23, 57-61.
Todorov, J. C. (1991). O conceito
de contingência na psicologia experimental. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
7, 59-70.
Todorov, J. C. (2002). A evolução do conceito
de operante. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 18(2), 123-127.
Todorov,
J. C. (2012). Sobre uma definição de comportamento. Perspectivas em Análise do Comportamento, 3(1), 32-37.
Como estudar a relação comportamento e ambiente e o processo ensino-aprendizagem?
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