O "comportamento" das Agências de Controle também é selecionado pelas consequências desse controle.
Donald
Trump quer deportar para seus países de origem imigrantes ilegais que chegaram
aos Estados Unidos quando eram crianças, trazidos por seus pais e educados nos
Estado Unidos. Deportar para onde? Para o país de seus pais? Não é seu país,
não foram educados lá, sabem de cor o hino nacional americano, juram a bandeira
de treze listras. Mas hipocritamente os adeptos da supremacia branca argumentam
que a lei é essa, devem ser deportados porque são imigrantes ilegais. O
jornalista David Leonhardt, no New York Times, mostra a falácia desse
argumento. Seria simplesmente impossível para o Estado fazer cumprir sempre
todas as leis. Há uma relação custo-benefício a ser considerada. No caso dos
jovens americanos de origem latino-americana o custo do sofrimento humano seria
enorme, incomensurável.
Na visão da Análise do Comportamento
as interações na sociedade são reguladas por vários tipos de Agência de
Controle, cada uma encarregada de certos tipos de relações condicionais. As
interações melhor acompanhadas são aquelas nas quais as transgressões são
apontadas de imediato pelos próprios envolvidos, como é o caso das refeições em
família – comer de boca aberta é punido no ato pelos demais participantes da
mesa. Quando o controle depende de agências formais, como o Poder Judiciário,
entra em cena a relação custo-benefício. Segundo pesquisas da Economia a
corrupção na sociedade envolve um custo tal para o Estado que não há como se
prever sua erradicação; a corrupção pode ser controlada, mas nunca será
extinta.
O que
fazer quando o controle direto pela Agência, como a religião, por exemplo, nem
sempre, ou quase nunca, é possível? Internar o controle via regras. Não
funciona muito bem, mas dá ao Agente a noção de que está fazendo o que deve ser
feito. Só quem foi aluno de escola maternal da igreja sabe o que é ter medo do
indizível, do perigo dos “maus pensamentos”. A crença no poder regulador dessas
regras e valores não existe apenas na educação e na religião (e por
consequência na família). Li também no jornal de hoje, o Correio Braziliense,
que o Exército Brasileiro está preocupado com os militares temporários, que
servem um máximo de oito anos e depois têm dificuldade de serem aproveitados em
empregos do mercado. Muitos são tentados pelas gangues criminosas que assolam o
país, cobiçados exatamente pelas habilidades que o Exército ensinou. Eis o que o jornal publicou sobre o que o
exército faz para prevenir a adesão às gangues:
“Valores.
De acordo com o Exército Brasileiro, durante o ano de serviço militar
obrigatório, e nas escolas militares, são ensinados valores para afastar os
integrantes da força do mundo do crime. Com foco em sua formação, são
desenvolvidas atividades que incentivam o patriotismo, civismo, amor à pátria,
solidariedade, entusiasmo, determinação e confiança. Para a vida civil, após
deixar o Exército Brasileiro, são destacadas ações que valorizam a honestidade,
apego à verdade, disciplina, respeito aos superiores e às autoridades,
dedicação, probidade, lealdade e cumprimento às leis. ”
Regras,
auto regras e valores transmitidos via comportamento verbal, são eficazes
enquanto não contrastam com contingencias do ambiente no presente. Seria mais
eficaz se o exército primeiro treinasse o soldado para exercer funções com
demanda no mercado e só o desligasse depois de passar por fase de experiência
no emprego civil.
Voltando
à “desamericanização” dos latinos, grande objetivo dos supremacistas da raça
branca: o absurdo é tão grande que os netos e bisnetos de imigrantes legais e
ilegais provavelmente não vão permitir que aconteça.
Gostei muito de todas as colocações exposta no texto. Não havia pensado nisso! Valeu, parabéns!
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