Comportamento é daquelas palavras que todos usam, mas
ninguém sabe bem o que é. Como ninguém pergunta, cada um usa como quer e acha
que todos estão usando a palavra com a mesma definição (a sua, que não existe explicitada). Entretanto, isso não é nenhum demérito para a
psicologia,
comportamental ou não. Acontece o mesmo com termos como reflexo e consciência,
usados nos mais variados sentidos na biologia e na psicologia, muitas vezes sem
mesmo tentativas de definição.
Dia a lenda que um famoso pesquisador do comportamento
animal foi perguntado sobre o que era comportamento e que teria respondido; “Ora,
comportamento todo mundo sabe o que é”.
Em 2012 escrevi um artigo despretensioso na revista “Perspectivas
em Análise do Comportamento” intitulado “Sobre uma definição de comportamento”.
Despretensioso porque não estava oferecendo qualquer definição do termo. Só
argumentei que a definição de comportamento como interação organismo-ambiente
era diferente da definição implícita no uso que os mesmos autores faziam do
termo:
“Uma
resposta enganosa e tentadoramente simples é dizer que comportamento é a
interação entre organismo e ambiente. ...
Organismos não vivem no vácuo. Não é possível ocorrer qualquer ação do
organismo sem alguma relação com o ambiente, externo ou interno ao organismo.
Isso é elementar. Por isso, dizemos que comportamento não é coisa; é processo.
Qualquer instância de comportamento tem início, meio e fim. Para a psicologia,
essa é sempre a nossa variável dependente, independentemente da topografia ou
do tipo de relação com o ambiente que definem essa variável dependente (e.g.,
respondentes e afins, operantes, padrões fixos de resposta, etc.). Variáveis independentes
são variações no ambiente que afetam a ocorrência desses comportamentos, seja como
antecedentes (no respondente e afins) ou consequentes (no operante e afins). ”
A
reação a esse artigo foi maior que o esperado. Nos dois números de 2013 da Revista
Brasileira de Análise do Comportamento estão vários artigos que discutem esse
assunto. No link abaixo está um desses artigos, parceria com Marcelo Borges
Henriques.
De qualquer forma, o assunto é muito atual. Depois do número especial de 2013 da revista The Behavior Analyst, o segundo número do volume 38, de 2015, que acaba de ser publicado, traz artigo de Linda Hayes e Mitch Fryling, traz o artigo "A historical perspective on the future of behavior science", com, entre muitos outros assuntos, o seguinte:
"Oddly enough, aftter a hundred years of asking the question "What is behavior?", the answer remains the subject of debate."
http://www.periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/2133/2436
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