Contingências são enunciados do tipo
“se..., então...”. Descrevem relações entre eventos e são muito usadas como
variável independente na Análise Experimental do Comportamento Operante e em
estudos sobre o condicionamento pavloviano. Relações entre eventos como
variáveis independentes também podem ser usadas no estudo experimental do
comportamento de pessoas em grupo e do produto da colaboração de grupos de
pessoas. A consequência é contingente ao produto da colaboração entre
indivíduos, mas não ao comportamento de indivíduos isoladamente.
O produto da colaboração, ora
chamado de produto agregado, é parte do ambiente que identifica a ocorrência de contingências comportamentais entrelaçadas. Dizer que na metacontingência a consequência depende da
ocorrência do produto agregado não é diferente de dizer que no operante a
consequência é contingente à identificação do comportamento por seu efeito no
ambiente. “Abrir a porta” é identificado pelo estímulo físico “porta aberta”,
independentemente de quais comportamentos resultaram no efeito “porta aberta”,
que pode ser seguido por “acesso à outra sala”, e/ou “melhora da temperatura na
primeira sala”, e/ou reforço por obedecer ao mando, etc. Qualquer que seja a
relação condicional, é óbvio que sem comportamento não haverá efeito; por outro
lado, sem o efeito (porta aberta) não haverá consequência para os vários
comportamentos que poderiam ter esse mesmo efeito. Se giro a maçaneta mas a
porta não abre a temperatura da sala não muda.
Assim entendemos a frase fundamental
de Skinner ao propor o conceito de comportamento operante: os homens agem sobre
o mundo (comportamento), modificam-no (efeito do comportamento, que é
imediato), e são modificados (i.e., seu repertório de comportamentos é
alterado) pelas consequências dessa ação (outras mudanças no ambiente, que não
precisam ser imediatas nem regulares). Parafraseando Skinner, contingências
comportamentais entrelaçadas (i.e., CCEs, ou colaboração entre pessoas) que
resultam em um produto agregado específico (i.e., resultado da colaboração)
podem levar a consequências selecionadoras. No caso mais simples, a
consequência é contingente à ocorrência do produto agregado, sempre um
resultado de CCEs mas independente de qual conjunto (dos vários possíveis) de
fato resulta no produto agregado.
No caso do jogo de vôlei, o produto
agregado pode ser definido como passar a bola para o outro lado da rede em
direção ao quadrilátero marcado no piso e evitando a defesa do time adversário.
Cada time tem três toques na bola para conseguir o produto agregado; a
colaboração é assegurada pela regra que proíbe um mesmo jogador de tocar na
bola duas vezes em seguida. Qualquer combinação dos seis jogadores, dois a
dois, ou três a três, pode levar ao produto agregado. A consequência, ponto
para um ou outro time, depende do produto agregado, não de cada CCE que pode
ter resultado nesse PA.
A definição de metacontingência como
relação condicional entre produto agregado (sempre produzido por CCEs) e
consequência é um instrumento conceitual. Serve tanto para orientar
procedimentos experimentais quanto para interpretar comportamentos de pessoas
em grupos. Sua incorporação à linguagem teórica da Análise do Comportamento tem
sido lenta, gradual e insegura, mas isso não é novidade, dadas as resistências
no passado a conceitos novos como o de igualação (matching), contraste
comportamental, contexto, momento, operação estabelecedora, autoclíticos, etc.
Vários autores muito conhecidos argumentam que o que
não puder ser explicado por contingências operantes deve ser remetido ao outro
nível de explicação, como a Teoria dos Jogos ou a Teoria dos Sistemas das
Ciências Sociais. Minha posição é empírica e pragmática. Temos o que fazer onde
houver comportamento (na Economia, por exemplo) ou o resultado de
comportamentos (na Arqueologia, por exemplo).
Esclarecedor apesar do tema ser bem complexo para um entendimento rápido...requer mais leitura. foi uma luz para a minha compreensão. Grata.
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