terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Por que não sou nem acetista nem refetista.


            Por que não sou nem acetista nem refetista? Porque sou analista do comportamento, sou behaviorista. O acetismo e o refetismo são derivações não controladas de uma preocupação com a conquista de nichos no mercado das psicoterapias. A Aceptance and Commitment Therapy, mais conhecida como ACT, e a Relational Frame Theory, que também responde por RFT, são desenvolvimentos que têm raízes na pré-história da Análise do Comportamento. São mais dois exemplos recentes de casos de avanços teóricos que dão certo e depois viram senso comum ou são apropriados por outras abordagens. Descobertas úteis resultantes de pesquisa básica que se tornam práticas comuns bem sucedidas tendem a cair no domínio publico, viram senso comum. Esse roteiro tem acontecido com frequência na análise do comportamento.

            A aplicação da análise do comportamento a assuntos culturais tem um passado longo, mas não tem história. Trabalhos pioneiros foram bem sucedidos, mas tiveram pouco impacto fora da análise do comportamento – o impacto, quando ocorreu, diluiu-se na linguagem do senso comum, sem referência aos conceitos originais e aos autores que os criaram. 

Computadores na educação.

Escreve-se sobre computer-aided education sem se mencionar máquinas de ensino ou instrução programada. Diz-se que são aplicações derivadas da Psicologia Cognitiva e das Ciências da Computação. Nunca ouviram falar de Holland & Skinner?

Ensino à Distância (EAD).

Não se menciona os itens do exemplo acima, nem o Sistema Personalizado de Ensino (PSI ou Plano Keller). Os esforços de Fred Keller e Gil Sherman na Georgetown University (década de 70) foram quase completamente esquecidos.

Hospitais Psiquiátricos.

Não estavam Ayllon e Michael envolvidos com isso? No Brasil, o trabalho de Luiz Otavio de Seixas Queiroz em Itapira foi esquecido.

Educação dos filhos.

Um psicanalista em uma entrevista no rádio falando sobre educação dos filhos:
“...para eliminar birras, não dê atenção para a criança enquanto ela estiver dando a birra...”

O que fizemos para mudar o mundo?

Skinner: Máquinas de ensinar e computadores na educação. Proposta de contracontrole.

Keller: Sistema Personalizado de Ensino mudando o material de leitura preparado para os cursos e facilitando o ensino semipresencial.

Ayllon: Precursor do movimento antimanicomial.

Ogden Lindsley: Comportamento normal de pacientes psicóticos.

           Sidman: Procedimentos para o estudo experimental de fuga e  esquiva. 
           Rapidez na aquisição de repertórios.

           Herrnstein:  Tudo é escolha, tudo é relativo.

Inspirações e Antecessores

      Freud e a terapia pela palavra.
     Modelagem por extinção.
      Rogers, o humanismo e a terapia centrada na pessoa.
     Modelagem pelo murmúrio.

            Ainda nos anos 40 os conceitos de repertório de entrada e de desenvolvimento de repertórios mais complexos a partir dessa base com aproximações sucessivas do repertório final desejado foram usados por  Keller e Schoenfeld na reformulação do ensino de psicologia experimental na Universidade de Columbia, tanto na sequência de exercícios de laboratório quanto na organização do livro texto para o curso.
            À medida que cresce o prestígio de Skinner junto ao público norte-americano, com entrevistas em rádios e jornais de circulação nacional e fotografias nas capas das revistas Time e Life, cresce também a revolta dos cognitivistas com seu artigo sobre as teorias da aprendizagem.
            Em 1955  Miller escreve o clássico “The magic number seven plus or minus two” e lança as bases da psicologia experimental cognitiva. Dizem que foi em resposta ao antimentalismo de Skinner em “Are theories of learning necessary?”.


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