Reconhece-se a condição de recessão
econômica no Brasil; o Produto Nacional Bruto vem caindo por vários trimestres.
O índice de desemprego mais que dobrou, a inflação ameaça ficar sem controle.
Nessas condições está em discussão no Banco Central um aumento dos juros como
instrumento para conter a inflação. Se isso acontecer, a inflação será domada
via aumento ainda maior no desemprego e diminuição do salário médio real pago
aos trabalhadores, já diminuído pela inflação. Esse processo pode ser visto
como um conjunto de metacontingências e de macrocontingências.
Contingências
são relações condicionais. Relacionam uma situação, um comportamento, e a
consequência que depende desse comportamento. Um exemplo de contingência
comportamental pode ser visto no comportamento do desempregado; se procurar
emprego, a probabilidade de conseguir é maior que zero; se não procurar é zero.
Procurar emprego é reforçado por conseguir ser empregado. Como todo
comportamento operante, entra em extinção quando nunca leva à consequência
almejada.
Metacontingências
envolvem o comportamento colaborativo de pelo menos duas pessoas. Relacionam:
(a) uma situação, (b) o trabalho
colaborativo de pessoas para produzir um efeito agregado, e (c) a consequência
providenciada pelo ambiente cultural selecionador. Um exemplo de
metacontingência é o que vai acontecer no Banco Central: com a inflação subindo
a cada mês (situação), um conselho vai se reunir para chegar a uma decisão
(efeito agregado), esperando que o efeito imediato na atividade de todos os
agentes econômicos (incluindo eu e você) tenha como consequência a diminuição
da inflação mensal.
Macrocontingências
envolvem o comportamento de muitas pessoas e de seus comportamentos regidos por
contingências idênticas, mas independentes; não há colaboração, mas a
macrocontingência se caracteriza pelo efeito cumulativo no ambiente social de
um número tal de comportamentos independentes. É o caso do número de
desempregados. Quando o desemprego é baixo, flutuações nesse índice não afetam
o salário médio dos trabalhadores empregados. Os economistas consideram que
cerca de 5% de desempregados na população é um índice bom para manter os
salários (e a inflação) estáveis. Se são
poucos os desempregados os empregadores disputam contratações oferecendo
salários mais altos; se são muitos, os desempregados aceitam trabalhar por
menores salários.
Buscar emprego é comportamento
operante, individual, mas as circunstâncias em que ocorre resultam de decisões
coletivas. Demissões ocorrem quando intervenções desastradas no ambiente econômico desarranjam as cadeias
de produção e consumo, alteram arbitrariamente preços relativos e geram
insegurança em quem pode investir. Se os juros estão subindo mais que a
inflação é melhor não trocar de carro agora, por exemplo, e por o dinheiro para
render juros no mercado financeiro.
Como Skinner já escrevia em 1953 no
livro Ciência e Comportamento Humano, as leis das ciências sociais têm sua
correspondência no comportamento de pessoas. É o dono do dinheiro que decide
(contingência comportamental) guardar os dólares e gastar os reais. A
macrocontingência é caracterizada pelo efeito cumulativo: “a moeda boa afugenta
a moeda má.”
Quais são essas leis? e que comportamento?
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