21 de novembro de 2011.
Prezado Todorov,
Como você está? Espero que bem.
As poucas vezes que conversamos sobre desenvolvimento, estrutura e
função foram suficientes para me fazerem pensar durante muitos meses.
Enquanto eu escrevia a qualificação do meu mestrado, frequentemente falava
comigo mesmo “Ah, acho que agora eu entendi o que o Todorov quis dizer”.
Não sei se minhas ideias sobre estrutura estão de acordo com as suas,
mas gostaria imensamente de ouvir a sua opinião sobre o texto que eu fiz.
Acredito que o tópico 3.1 do Capítulo 2 seja o que mais tenha o tom das nossas
conversas nos tempos de primeira JAC. Envio o texto da minha qualificação em
anexo. O título é “O estudo do desenvolvimento no Behaviorismo Radical:
aspectos estruturais e funcionais”.
Um abraço,
Tauane
22 de novembro de 2011.
Cara Tauane,
Muito obrigado. Ainda vou ler o seu
texto e depois comento. Já estava quase desistindo de falar no assunto. Abraços
a você, Tatu, Carol & Cia.
JC Todorov
28 de novembro de 2011
Tauane,
Obrigado por me enviar o manuscrito.
Excelente trabalho no levantamento das definições dos termos. Há um porém: não
há a essência de cada termo. A definição de um termo só têm sentido
na linguagem teórica que o usa. Entretanto, é interessante a busca de significados
que podem ser úteis à análise do comportamento.
Eu gostei da posição de Harzem &
Miles (1978) e continuo a dizer até hoje que a psicologia é o
estudo de interações, que são processos. Processos têm início, meio e fim (ou
recomeço). Comportamentos operantes interagem com o ambiente, por isso não faz
sentido falar em interação organismo-ambiente. Por iiso tudo não entendi a
frase abaixo:
“o comportamento como estrutura: ele é
formado por elementos chamados de estímulos e de respostas e esses elementos
estão em relação.”
Se essa é sua definição de
comportamentoi, não estamos falando a mesma lingua.
Espero não ter complicado.
Mais uma vez parabéns. Ainda vamos
conversar muito sobre isso.
JC Todorov
28 de novembro de 201.
Todorov,
Muito obrigada pela resposta!
Há muita coisa para pensar. Durante
toda a minha formação, aprendi que comportamento é a interação entre organismo
e ambiente (com os mais diversos professores). Uso isso quase como uma regra.
Vou ler o texto de Harzem e Miles e reler o seu texto sobre a psicologia como
estudo de interações.
Nesses meses todos, ouvi a opinião de
muitas pessoas sobre estrutura e todas elas me cobravam uma definição precisa
do que seja o estudo dos aspectos estruturais. Acabei caindo em uma disciplina
de avaliação de projetos dada pelo Figueiredo. Por sugestão dele, busquei todos
os estruturalismos possíveis e um denominador comum a eles. Contudo, percebo
que caí no equívoco de adaptar o estudo do Behaviorismo Radical a esse
denominador comum, excluindo o papel da linguagem teórica. A verdade é que
ainda não encontrei um significado claro dentro da análise do
comportamento.
Quando eu tiver pensado mais sobre o
assunto, escrevo.
Muito obrigada mesmo pela
disponibilidade de ler!
Abraço,
Tauane
Caro Todorov,
Acabo de ler o seu texto sobre a psicologia como
estudo das interações. Veja se agora estamos falando a mesma coisa: segundo o
texto, comportamento não é a interação entre organismo e ambiente, mas sim
mudanças que ocorrem no organismo. O comportamento interage com o ambiente,
ocorrendo a depender do contexto e, ao mesmo tempo, alterando o contexto quando
ocorre. Quando falamos em resposta e em estímulo, estamos nos referindo,
respectivamente, a uma parte do comportamento e a uma parte do ambiente.
É isso?
Caso concordemos até aqui, resta ainda pensarmos no
significado de estrutura para a Análise do Comportamento. Se nós determinamos
os princípios comportamentais a partir de relações funcionais entre estímulos e
respostas específicas, o papel da análise estrutural pode ser o de definir para
quais respostas e estímulos o princípio ocorre. Contudo,
isso deve ser feito sem que nos esqueçamos de que a alteração nos elementos (S
ou R) alterará o todo (contexto ou comportamento). Nesse caso, a estrutura
analisada seria o comportamento e o contexto. A análise estrutural
determinaria com quais respostas e estímulos (pertencentes a essas estruturas) as
relações funcionais devem ser planejadas de forma que o princípio
comportamental alvo ocorra. O que acha?
Pensemos no desenvolvimento do comportamento de
leitura, por exemplo. Deve-se definir antecedentes e consequências para
determinadas respostas (aspectos funcionais), mas também podemos definir quais
seriam as respostas e estímulos mais eficazes para que a relação seja
estabelecida (aspectos estruturais). Ao se reforçar determinada resposta, todo
o comportamento que a acompanha será também alterado. Dessa forma, o
desenvolvimento da leitura envolveria uma mudança constante na estrutura do
comportamento, na escolha da resposta alvo; na estrutura do contexto e na
escolha do estímulo alvo. A descrição da sequência de interações entre
comportamento e ambiente a partir das mudanças constantes nas
estruturas do comportamento e do ambiente e das mudanças
na escolha da resposta e do estímulo mais eficazes a cada momento
seria uma descrição desenvolvimentista. É a isso que você se refere?
Fiquei pensando que a escolha de quais são os
estímulos mais relevantes pode ser realizada com auxílio dos testes
psicofísicos ou mesmo testes neuropsicológicos. Eles podem informar para quais
estímulos há sensibilidade em determinado momento da vida de um indivíduo, de
forma que possamos planejar o contexto manipulando esses estímulos. Por outro
lado, estudar a resposta também é importante: um estímulo só será reforçador em
uma relação a depender do aspecto comportamental que escolhemos como
resposta.
Não posso deixar de pensar que isso tudo depende
também de algo que podemos chamar de “estrutura do organismo”, ou seja, de
limites ou facilidades que a configuração orgânica impõe sobre a aprendizagem
de um comportamento.
Abraços,
Tauane
29 de novembro de
2011.
Tauane,
Com relação ao primeiro parágrafo - É
isso mesmo.
Segundo parágrafo - Falar
genéricamente em estímulo e resposta pode confundir. Você está falando de
operantes, certo? Então acho melhor falar em antecedente ou situação,
comportamento e consequência. É difícil pensar em um operante que não seja
discriminado. Quando penso em estrutura penso também em repertório. Por vezes
não se pode ensinar alguma coisa ou por falta de repertório ou por falta de
amadurecimento biológico.
Terceiuro parágrafo - De novo o
perigo de falar em S-R. Mas a idéia em geral é essa.
Quarto parágrafo - Outra vez
S-R. Parece um viés para respondentes!
Último parágrafo - É isso mesmo. Não
há com o fugir das limitações biológicas impostas por idade ou pela espécie sob
estudo.
Espero ter comentado todos os
aspectos. Bom trabalho!
JC Todorov
Caro Todorov,
Mais uma vez, obrigada por sua resposta!
Quando me referi a estímulo e resposta, pensei mesmo em operante.
Preciso reformular o que escrevi.
No dia 13 de dezembro será a banca de
qualificação. Nesse dia, eu explicarei que, em decorrência da sua leitura do
manuscrito e de nossas discussões, alguns ajustes foram feitos na noção de
comportamento e na de análise estrutural. A questão do repertório, mencionada
no seu e-mail, será incluída.
Ontem passei a noite lendo e pensando
sobre a definição de comportamento. Hoje contei a meus colegas/professores da
USP sobre as coisas que li e sobre as suas colocações. Isso rendeu ótimos
debates e as pessoas começaram a se questionar sobre a definição de
comportamento como interação organismo-ambiente.
A Tatu disse que você não poderá
participar da banca, pois estará com seus netos em casa. O motivo
é perfeitamente compreensível. Após a qualificação, pretendo reescrever o
artigo sobre estrutura. Mandarei assim que estiver pronto. No mais, por favor,
se cuide e aproveite muito os seus netos!
Abraço,
Tauane
30 de novembro de
2011.
Cara Tauane,
Lembrei-me que artigo de 1989
(reimpresso sem modificação em 2007) eu ainda falava em interação
organismo-ambiente. Custou um pouco para perceber que o organismo não interage
holisticamente com o ambiente (pelo menos para a anáilise do comportamento). Em
artigo mais recente, em parceria com Márcio Borges Moreira, há uma posição
mais recente. O artigo vai anexo, junto com outro em que pretendia mostrar a
amplitude de atuação da AC. Há um terceiro, sobre a evolução do conceito de
operante.
Boa sorte na qualuificação. Mande
notícias.
JC Todorov
Todorov,
Li os textos que você me enviou.
Obrigada por eles.
No artigo de 1989, eu havia mesmo
entendido que a psicologia é caracterizada pelo estudo das interações entre
organismo e ambiente. Contudo, já em 1989, sua definição de comportamento
parece diferir daquela que o caracteriza como a interação entre organismo
e ambiente.
Lendo os textos enviados no último
e-mail, a questão central que define sua posição me pareceu outra: a noção de
causalidade. As psicologias que estudam a interação organismo e ambiente buscam
explicações dentro do corpo – por exemplo, estudam quais processos fisiológicos
“dão origem” ao comportamento, como se os processos fisiológicos não fossem, em
si, comportamento. A análise do comportamento, por outro
lado, analisa a interação entre comportamento e ambiente, porque (1) os
eventos internos também podem ser entendidos por nós como comportamento e/ou
ambiente (incluindo aqui os aspectos fisiológicos); e (2) a compreensão do
fenômeno é procurada no ambiente. Ou seja, não estudamos nada que não
possa ser reduzido a comportamento ou ambiente.
É isso? Eu entendi corretamente sua
posição sobre não estudarmos a interação entre organismo e ambiente, mas sim
entre comportamento e ambiente?
Se entendi, confesso ter alguns
incômodos. Por exemplo, quando estudamos como a maturação orgânica –
predominantemente determinada por aspectos filogenéticos – influencia a
aprendizagem, estamos falando apenas da interação entre comportamento e
ambiente? Fiquei pensando se o motivo de não olharmos para o
organismo é porque ele tende a ser uma variável estável, ou suas alterações
podem ser encontradas na história de interações entre comportamento e ambiente.
Mas quando olhar para essa história não explica tudo, como no caso da maturação
biológica, não estudamos também o organismo?
Tauane
Todorov,
Esqueça o e-mail anterior que enviei.
Precisei de algumas horas para entender que, embora não estudemos diretamente a
interação entre organismo e ambiente, isso não significa que o organismo é
jogado fora. Significa apenas que é o comportamento (e não o organismo)
que interage com o ambiente.
Precisarei de mais tempo pra pensar
sobre isso. Por essa definição de comportamento, não sei mais se as coisas que
eu chamava de "aprendizagem intra-uterina" são de fato aprendizagens
de comportamento ou se são apenas experiência que alteraram o organismo,
alterando o valor de estímulos.
Abraços,
Tauane
02 de dezembro
Tauane,
Que bom que você repensou. Agora você
separou aprendizagem de experiência que altera o organismo, alterando o valor
de estímulos. E alterar o valor de estímulos não é aprendizagem? Muitos
analistas do comportamento operante se esquecem que é.
Qualquer interação organismo
(comportamento) vs. ambiente (consequências;estímulos) altera o organismo no
sentido que altera seu repertório - mais estímulos controlam a resposta reflexa
inata, no respondente, e mais operantes são acrescidos ao repertório operante.
Entretanto, o que estudamos são relações entre estímulos e respostas,
no respondente, e relações entre antecedentes, comportamento e
consequência, no operante.
Se não ficou ainda mais complicado,
por favor releia agora o conceito de ambiente no "Psicologia como o estudo
de interações" onde apenas o operante é abordado.
JC Todorov
Todorov,
Vou reler seu texto. Acho que minha
dúvida foi mal colocada. Pra mim, alterar o valor do estímulo é sim
aprendizagem (vide condicionamento respondente). Estive pensando, por exemplo,
nos casos em que a mãe consome cocaína durante a gravidez e o indivíduo
que nasce tem uma predisposição maior a desenvolver o vício. Nesse caso, não
parece haver durante a gestação uma interação entre o comportamento do
organismo e o ambiente materno. O ambiente intrauterino, todavia, altera o
organismo. Concorda?
Esse exemplo talvez seja claro. Mas
fico confusa quando penso no final da gestação, quando o feto já tem seu
sistema auditivo desenvolvido. Os dados da psicobiologia mostram que quando mais
exposto a vozes ou músicas determinadas, maior a preferidas por elas
logo após o nascimento. E essa preferência está diretamente relaciona ao valo
reforçador dos estímulos. Chamam isso de aprendizagem por exposição ou por
familiaridade. Minha dúvida, que provavelmente não será respondida agora, é
qual o processo comportamental que está ocorrendo no momento.
Talvez reler suas colocações sobre o
ambiente me ajude nisso. Vamos ver...
Obrigada por sua resposta,
Tauane
Tauane,
Os exemplos parecem fugir do padrão,
pois não há aprendizagem. Em todo o caso no "Psicologia como.." já
escrevi que os limites entre psicologia e biologia e psicologia e ciências
sociais não são bem definidos. Agora, não há dúvida que qualquer evento que altere
características do organismo pode alterar as interações possíveis. Não é a tôa
que as neurociências estão em alta.
JC Todorov
14 de dez de 2011
Caro Todorov,
Como você está?
Ontem foi minha qualificação. O Júlio
de Rose fez contribuições excelentes, sugerindo leituras do Richelle e do
Armando Machado. Contudo, questionou algumas posturas na dissertação. A
primeira delas é que eu tinha me prendido muito ao Catania – e, de fato, meu
texto é praticamente todo do Catania. A segunda coisa é que ele não concordava
com tudo o que foi definido como estrutura. Chegamos juntos à conclusão de que,
de fato, tudo tem estrutura, mas nem sempre a análise estrutural acrescenta na
compreensão do comportamento. Segundo o Júlio, Skinner tinha feito um ótimo trabalho
em selecionar respostas para análise que não demandassem uma análise estrutural
(por exemplo, o bicar e a pressão à barra). Sendo assim, nem sempre falar de
estrutura é relevante. Contudo, em respostas mais complexas a estrutura do
comportamento é sim uma variável a ser considerada. Por exemplo, no
comportamento de escrever um poema, as dimensões temporais do comportamento
influenciariam na repetição do mesmo. Nesse sentido, a frequência
(correspondente a cada vez que o comportamento apareceria) não seria um bom
indicativo da força da resposta, demandando que analisássemos os limites
impostos pela estrutura do comportamento. No comportamento verbal, foi unanime
a conclusão da necessidade de se estudar a estrutura. O mesmo aconteceu quando
se falou na decomposição de comportamentos complexos.
Por outro lado, quando sugeri que
estudar estrutura era também estudar as dimensões físicas de um estímulo, o
Júlio não concordou muito. Para ele, a alteração nessas dimensões
alterariam as relações funcionais e, sendo assim, continuaríamos falando de
função. Eu não concordei na hora, pois acho que a função se altera em
decorrência da alteração na estrutura do ambiente. Não sei o que você acha
sobre isso.
Sobre estrutura do organismo, ninguém
questionou a importância.
Minhas colocações foram no sentido de
que tudo tem uma estrutura. Concordei, entretanto, que é necessário definir
melhor as ocasiões em que falar dela é importante. Talvez não seja tão
relevante falar da estrutura da pressão à barra, quanto é relevante falar sobre
a estrutura de um raciocínio abstrato, por exemplo.
Algumas pessoas têm dito que falar de
“estrutura de algo” é como falar do “algo”, então seria irrelevante acrescentar
a palavra estrutura. Tenho argumentado que a análise estrutural é um recorte de
análise. Não sei se o nome “estrutura” é necessário, o importante é que
façamos análises estruturais. E aí não seria redundante estudar a estrutura.
Bom, acho que é isso. Gostaria de
ouvir sua opinião.
Um abraço,
Tauane
Tauane,
As discussões estão indo muito além
do que eu poderia pensar.. Minha posição é inspirada no Catania, mas não se
resume a ele. Se estudamos interações, estamos lidando com processos, com um
início, meio e fim, ou recomeço. Quando falo em estrutura me refiro a contexto
(incluindo repertório do organismo). O exemplo da pressão à barra é
interessante, mas não se esqueça que no início não existia no repertório do
rato. foi preciso modelagem (reforço diferencial de classes de respostas em
sucessivas aproximações da resposta alvo). A cada aproximação o repertório se
estrutura de forma diferente, não é? Mais tarde, a predominância ou não da
pressão à barra naquele ambiente vai depender do esquema de reforço. Por outro
lado, a resposta alvo na modelagem.não pode estar fora do alcance da estrutura
do organismo naquele instante.
Skinner tropeçou na pressão à barra
quando estudava o reflexo alimentar (ver "A case history...").
Descobriu um operante com uma amplitude de variação enorme, útil para usar a
frequência de ocorrência como variável dependente. Não sei de algum texto que
fale da vantagem de não precisar falar em estrutura nesse caso.
Estrutura, função e desenvolvimento,
como você viu, são termos com diferentes significados em diferentes teorias.
Parece que as críticas que ouviu baseiam-se mais em entender estrutura como é
usada pelos cognitivistas, por exemplo. Então que nomes vamos dar a esses
bichos.
Gostei das citações de Richelle e
Armando Machado. São europeus como Harzem & Miles.
Cansei. Depois talvez continue.
JC Todorov
Todorov,
É, você tem razão... Pressão à barra
também é um comportamento que se desenvolve e tem uma estrutura que precisa ser
modelada. Acho que é um comportamento tão usado em AC que esquecemos que a
aquisição dele não é óbvia.
Se eu tivesse colocado esse
argumento, acredito que todos teriam concordado. Tanto é que ninguém duvidou da
importância da estrutura do organismo - estrutura essa entendida em suas
determinações filogenéticas e ontogenéticas (ou seja, quais comportamentos ele estava
apto a apresentar no momento considerado em decorrência de uma história de
aprendizagem). Acredito que ninguém questione também a estrutura do repertório.
Abraços,
Tauane
21 de dezembro de
2011
Tauane,
Como disse antes, neste dezembro a
casa anda cheia de netos, virou acampamento. Apesar de ser casa de avó, estamos
tentando colocar regras para diminuir o barulho.Demorei um pouco para responder
por isso. Que bom que começamos a nos entender (e você a explicar aos outros)
quanto à questão do conceito de estrutura em análise do comportamento. Alguns
de meus ex-alunos sugeriram que esta troca de e-mails poderia ser postada em
meu blog, mas tenho minhas dúvidas. Será que lendo alguém vai entender o que
estamos discutindo?
Quanto à saúde, tem melhorado,
principalmente depois que fui liberado para dirigir.O problema do descolamento
da retina ainda não está resolvido, tenho cirurgia marcada para o fim de
janeiro
Abraços a todos do laboratório.
JC Todorov
22 de dezembro de
2011.
Todorov,
Obrigada pelas notícias. Fico muito
feliz que você tenha sido liberado para dirigir! Certamente, a cirurgia correrá
bem. Por favor, nos mantenha informados. A Tatu vive perguntando e falando
sobre você.
Sobre o blog, receio que as pessoas
não entendam mesmo. Aproveite seus netos e tenha um excelente final de ano!!!
Abraços,
Tauane
Tauane,
Esqueça a idéia do blog. Seria
interessante um texto baseado nos blogs, mas daria muito trabalho.
Feliz Natal
JC Todorov
05 de jan de 2012
Olá, Todorov!
Escrevo apenas para contar que acabo de ler um texto da Maria
Amélia Matos sobre desenvolvimento e, nele, ela destaca a importância do estudo
da interação da estrutura do ambiente com a estrutura do comportamento. A visão
dela é semelhante à que temos discutido sobre a necessidade de estruturação do
ambiente de acordo com a estrutura do repertório da criança. Ela também aponta
que estudar apenas reforçamentos e punições não é suficiente para dar conta do
desenvolvimento. Assim que li, me lembrei de você...
Continuarei trabalhando nisso e burilando a escrita do
capítulo da dissertação sobre estrutura e Análise do Comportamento. Quem sabe
não vira um artigo... Quando tiver algo mais formal, mandarei.
Espero que seu Réveillon tenha sido agradável e que seu ano seja excelente!
Um abraço,
Espero que seu Réveillon tenha sido agradável e que seu ano seja excelente!
Um abraço,
Tauane
06 de janeiro de 2012
Tauane,
Acho que a Maria Amélia escreveu
sobre a importância (maior?) do controle do comportamento por estímulos
discriminativos. Talvez a Tatu ou o Gerson possam ajudar nisso.
JC Todorov
Todorov,
Pois é... Conversei com a Tatu. Parece que o
interesse da Maria Amélia em desenvolvimento não era tão divulgado (nem os
professores do departamento sabiam). Veja só:
“Quando a relação entre os termos de
uma função é mantida constante, ainda assim seus termos podem variar. Uma
análise estrutural lida com as propriedades desses termos (...). Existem certas
letras do alfabeto mais difíceis de aprender, isto é, de identificar, ler e
produzir, que outras. A identificação das características destas letras, bem
como das propriedades específicas daqueles estímulos, é tarefa a ser feita. Em
estudos de diferenciação e variabilidade, as características das respostas são
tão importantes de serem descritas quanto suas contingências. Não estamos
propondo uma análise da estrutura do estímulo, ou da estrutura da resposta, e
sim, das interações entre ambas”. (Matos, 1983, p. 13)
São quase as mesmas palavras
utilizadas por Catania...
Agora achei textos de Willis Overton,
que faz uma análise metateórica muitíssimo interessante sobre desenvolvimento,
explicando o motivo pelo qual algumas teorias afirmaram-se como funcionais e
outras como estruturais.
Vamos ver no que dá...
Vamos ver no que dá...
Tauane
Vale a pena recuperar esses textos da
Maria Amélia. Acho que a Deisy pode ter alguns na mesma linha. Seu artigo sobre
estrutura está ficando muito bom!
JC Todorov
25 de Abril
Tauane,
O texto do Armando vai te
intgeressar.
JC Todorov
---------- Forwarded
message ----------
From: Armando Machado <armandom@psi.uminho.pt>
Date: 2012/4/25
Subject: [Sqab] Big questions
To: Sqab@yahoogroups.com
From: Armando Machado <armandom@psi.uminho.pt>
Date: 2012/4/25
Subject: [Sqab] Big questions
To: Sqab@yahoogroups.com
Let me add a
few thoughts to Marc Branch’s remark concerning accumulation. Perhaps the
problem is not accumulation but integration. We have studied a few forms of
behavioral interaction between organisms and their environments, but we have
little to offer in terms of how various experiences integrate into more
sophisticated forms of behavior, perhaps qualitatively different forms of
behavior. Here is a specific instance: Some of us (and many other scientists)
study primitive forms of temporal and numerical sensitivity in animals and
humans. We have even elaborated quantitative models that can, under limited
circumstances, predict behavior reasonably well. But we have a hard time going
from these primitive forms of sensitivity to slightly more elaborate forms. How
is it that from the primitive sensitivity to number, and through the
coordination of actions, a child learns (some would say, d! evelops) something
like the concept of number or, one step back, a one-to-one correspondence? It
will not escape your attention that this is an issue that intersects the fields
of learning and development; along similar lines, others framed this issue at
the intersection of learning and evolution.
In this
respect, the analogy with the method used by Darwin to explain the formation of
vegetable mould through the action of worms may be apprpriate. When a certain
Mr. Fish remarked that the size and weakness of the worms was incompatible with
the enormous task assigned to them by Darwin, Darwin replied: “Here we have an
instance of that inability to sum up the effects of a continually recurrent
cause, which has often retarded the progress of science, as formerly in the
case of geology, and more recently ! in that of the principle of evolution.”
(Darwin, 1881, p. 6).
Behavioral
integration is one of the big questions for me. Another with which I often
struggle is the representational versus non-representational view of learning.
This is a different sort of issue, more conceptual than empirical, but for me
it is another deep issue (perhaps without a solution in the sense that
empirical issues have solutions).
As for our
students – Alliston’s legitimate concern -- perhaps you will allow me a more
personal remark. Just turned into 50, I am from Alliston’s generation,
sufficiently old to dare to offer advice to younger students, but still
sufficiently young to have some of my intellectual heroes alive ! and
productive (and still admired). I am talking (to remain within our area) not
only about Skinner, Sidman, Keller, and Schoenfeld, but also about Rachlin and
Staddon, Killeen and Gibbon, Catania and Fantino, and a few others. What
impressed me about these scientists when I joined the field was their broad
training, including in philosophical/conceptual issues. Perhaps the best our
area can do to remain alive is to train our students broadly, always in close
contact with Biology, Neuroscience, and Mathematics – and a bit of philosophy
will not hurt.
Cheers,
Armando Machado
Oi, Todorov!
Como você está?
Muito obrigada pelo texto. Tenho me preocupado com questões que
tangenciam a fala do Armando. Ler o texto dele me interessou muito.
As questões apontadas pelo Armando se aproximam de uma discussão antiga
na Psicologia do Desenvolvimento sobre se as mudanças são contínuas
(acumulativas) ou descontínuas (qualitativas). Gewirtz e Peláez-Nogueras (1996)
têm sugerido que o debate "contínuo x descontínuo" seja meramente uma
questão de métrica. Quanto maiores as unidades de medida, mais provável será a
descontinuidade; quanto mais finas e menores, mais provável será a
descontinuidade. A partir disso, eles concluem que, no contexto da análise do
comportamento, não é importante deter-se nessa questão.
Eu tendo a discordar deles. Se pensarmos nas antigas concepções de
"estrutura", temos que a entrada de qualquer novo elemento em um
sistema alterará todas as relações funcionais entre esses elementos, alterando
a estrutura. Analogamente, acho que quando uma nova resposta é acrescentada a
um repertório, em maior ou menor grau, as relações funcionais se alteram de
maneira mais ampla. Não pode ser algo meramente cumulativo. Acho que avançamos
um pouco ao falar em "Behavioral Cusps", embora eu tenha meus
bloqueios com esse conceito.
Mais próximo do que o Armando está falando talvez estejam os estudos de
insight (enquanto recombinação de repertórios) que estão sendo realizados pelo
laboratório da UFPA. Mais uma vez, não é a simples soma de repertórios, mas a
recombinação deles que resulta em uma resposta mais complexa.
Minhas ideias ainda estão bastante imaturas. Contudo, tendo a achar que
qualquer nova aprendizagem altera as relações funcionais do conjunto em maior
ou menor grau. Algumas vezes, essas alterações do conjunto são imperceptíveis.
Talvez, nesses casos, caiba um estudo sobre acúmulo de repertório. Em outros
casos, a alteração no repertório global é maior. Nesses casos, é importante
olhar para o fato de que, talvez, novas relações funcionais tenham sido criadas
entre repertórios menores – possivelmente, cria-se, assim, uma nova forma de
integração de repertórios, dando origem a comportamentos mais complexos. Quando
fixamos nosso olhar apenas sobre a resposta de pressão à barra, tendemos a nos
esquecer do emaranhado comportamental no qual aquela resposta simples está
integrada. Não quero dizer, com isso, que não possamos estudar parte dos
comportamentos de forma contínua.
A questão da integração se amplia para as questões da filogênese,
ontogênese e cultura. Tenho lido os trabalhos do Zing-Yang Kuo e do Gilbert
Gottlieb, que apresentam uma visão epigenética do desenvolvimento
comportamental. Eles têm lindos exemplos de como pequenos eventos ambientais
alteram a expressão gênica, embora não alterem os elementos do gene. Sendo
assim, nem caberia mais falar em um desenvolvimento biológico-filogenético de
um lado e em um desenvolvimento comportamental-ontogenético de outro, mesmo que
de maneira didática como o Bijou e o Baer (1965) fizeram. Qualquer evento novo
altera o todo - inclusive a expressão gênica.
Faz algum sentido?
De qualquer forma, seja lá a explicação que dermos à questão da
"integração", ainda acho que as confirmações ou refutações para isso
estão no laboratório.
Desculpe-me pela demora na resposta. Os últimos dias foram corridos e eu
queria poder responder com calma.
Abraço,
Tauane
29 de abril
Tauane,
Tenho a impressão que as palavras
estrutura e função, com vários significados em diferentes abordagens, mais
atrapalham do que ajudam. Vamos tentar focalizar em processos. Minha colocação
tem sido que todo processo de interação ocorre no tempo, logo tem começo, meio
e fim, ou recomeço. Estamos falando de operantes discriminados (no
comportamento humano não vejo operante que não seja discriminado). Se o
operante R já existe no repertório, mas com baixa frequência na situação A e
sem relação com a consequência S, a CONFIGURAÇÃO do repertório na situação A de
início inclui R com baixa frequência. Para estabelecer R como operante
discriminado na contingência tríplice A-R-S pode ser necessária modelagem
(reforçamento diferencial de sucessivas aproximações em direção ao objetivo) ou
apenas garantir que S é consequência selecionadora e que (a) R só será seguido
por S na situação A ; (b) R não será seguido por S em outras situações; (c)
qualquer outro operante que não R ou nunca será seguido por S, ou se o for,
será de forma intermitente e com baixa frequência.
A rapidez com que R vai predominar
sobre outros operantes na situação A vai depender do repertório inicial: da
força relativa dos outros operantes. ETC., ETC, a partir daí entram
considerações a respeito de momento, contexto de reforço, equivalência de
estímulos, etc.
A pressão à barra na caixa de Skinner
foi escolhida para simplificar o início da análise, ao eliminar ou diminuir a
importância de outros fatores, e para poder estudá-los um de cada vez
Só não podemos esquecer deles.
Para um domingo de manhã acho que já
escrevi demais. Espero que você esclareça a questão em sua tese.
JC Todorov
26 de agosto de
2015.
Todorov,
Reli e sistematizei os e-mails que trocamos em 2011 e 2012, época que eu
estava começando a estudar desenvolvimento. Confesso que ainda tenho alguma
dúvida se entendi direitinho o que você quis dizer sobre estrutura naquela
época. Infelizmente, deixei esse assunto morrer depois da minha qualificação,
mas ainda queria entender tua opinião.
Lendo nossas trocas de e-mail, percebi que a importância da estrutura
aparecia em três momentos. Os dois primeiros são mais fáceis de explicar:
1. Quando falamos sobre a importância do tipo de estímulo que usamos e
das respostas que selecionamos. Acho que isso fica claro no trecho da Maria
Amélia Matos, "Quando a relação entre os termos de uma função é mantida
constante, ainda assim seus termos podem variar. Uma análise estrutural lida
com as propriedades desses termos (...). Existem certas letras do alfabeto mais
difíceis de aprender, isto é, de identificar, ler e produzir, que outras. A
identificação das características destas letras, bem como das propriedades
específicas daqueles estímulos, é tarefa a ser feita. Em estudos de
diferenciação e variabilidade, as características das respostas são tão
importantes de serem descritas quanto suas contingências. Não estamos propondo
uma análise da estrutura do estímulo, ou da estrutura da resposta, e sim, das
interações entre ambas”. (1983, p. 13)"
2. Quando falamos da estrutura do organismo impondo limitações e
possibilidades às respostas e mesmo às relações que podem ser aprendidas.
O terceiro momento em que o termo estrutura aparece nos e-mails é mais
difícil de explicar e eu não sei exatamente se entendi: é quando você fala de
estrutura de repertório. A verdade é que não sei exatamente o que você chama de
repertório. Ainda assim, tenho uma possível interpretação do que você queria
dizer. Veja se é isso:
Temos uma série de relações aprendidas. Em diferentes contextos, diferentes
respostas e relações têm probabilidades diferentes de aparecer. Algumas vezes
as relações estabelecidas ajudam, outras entram em "conflito" com
aquilo que se deve aprender. Por exemplo, se eu preciso ensinar uma criança que
2+2=4 e ela já tiver aprendido anteriormente que 1+1=2, o contexto histórico
(i.e., relações já estabelecidas) pode facilitar a aprendizagem. Por outro
lado, se na vida de uma criança foi reforçado o gritar e o falar alto diante de
outras crianças, pode ser mais difícil ensinar que, ao entrar na escola, ela
precisa ficar em silêncio na sala de aula mesmo diante de crianças. No primeiro
caso, as relações já aprendidas facilitam a aquisição, no segundo, dificultam.
Pensando nesses exemplos, fiquei com a impressão que o que você chamou
de "estrutura de repertórios" é a rede de relações já aprendidas e
como elas vão influenciar a aquisição de novas relações.
Outras possíveis interpretações do que você quis dizer com
estrutura do repertório surgem da tua típica frase de que "todo processo
tem começo, meio e fim (ou recomeço)". Isso me faz pensar se você não está
chamando de estrutura de repertório algo como (1) um processo de modelagem, com
suas várias etapas, ou como (2) o processo de interação que é próprio do
comportamento - o que acontece no ambiente, como o organismo responde e como o
ambiente se altera frente a isso.
Algo daí faz sentido? rs
Logo mando pra você os e-mails para que possa publicá-los caso queira.
Mais uma vez, obrigada por tua participação no DDC! Foi bom te ver tão
bem.
Abraços
Tauane
15 de setembro de
2015.
Oi Tauane,
Quanto ao “retorno da estrutura”:
Não me preocupo só com “estrutura”. Reafirmo que só estudamos processos, não
coisas, e em todo processo é possível ver aspectos de seu desenvolvimento,
a partir de algum início, de estruturas que se
modificam em função de determinadas variáveis.
Não falo de estrutura enquanto topografia. Esse é o sentido empregado
pela Maria Amélia que você citou. Falo das relações entre componentes do
processo. Na modelagem a definição de resposta de início é ampla e sempre
envolve algum comportamento já verificado como componente do repertório.
Também não falo só da estrutura do organismo. Isso deve ser levado em
conta sempre, não há processo de interação comportamento-ambiente sem que se
considere condições do organismo. O desenvolvimento comportamental depende das
interações com o ambiente externo, que vão influenciar desenvolvimento do
sistema nervoso, do aparelho locomotor, etc., etc.“The response, naturally,
must be within the organism’s capacity” (Keller & Schoenfeld, p. 284).
Também não falo de “estrutura de repertório” isolada no vácuo.
Comportamentos são mantidos no “repertório” enquanto partes de interações,
enquanto selecionados pelas consequências. Ver pesquisas sobre o que Keller
& Schoenfeld chamaram de regressão e hoje outros preferem um termo menos
psicanalítico como ressurgência (ver também Sidman, Coercion, p. 155).
Um repertório pode ajudar quando não inclui um comportamento
incompatível com o que deve ser aprendido. Por outro lado, ver Keller &
Schoenfeld, p. 204-205, e 290, do original.
Sobre este “terceiro momento” mencionado por você, acho que o raciocínio
com probabilidades complica. A probabilidade é zero de uma criança da periferia
de São Paulo que nunca frequentou creches, escola maternal, jardim da infância,
entender o que se passa em uma aula de escola regular para crianças de seis
anos que já passaram por essas experiências.
Último comentário, por enquanto: esqueça de etapas mandatórias. Nunca falei
de etapas, nem de estruturas isoladamente. Isso é coisa de quem não consegue
tirar Piaget da cabeça e projeta na gente..., mas cada cultura programa
sequências de aprendizagem necessárias para a aculturação a partir do
nascimento, sempre levando em conta o que é biologicamente possível em cada
etapa. O acúmulo de informações sobre isso na psicologia é enorme. Não é o caso
de reinventar a roda.
Um abraço,
João Claudio
18 de setembro de
2015.
Todorov,
Obrigada pela tua resposta.Eu entendi o que não é a
estrutura que você está enfatizando.
O que eu conseguir derivar do que você escreveu é que o termo estrutura
talvez seja usado por você no sentido de como o repertório está estruturado e
será reestruturado em função das novas interações. E, quando digo isso, entendi
que o repertório não é visto como um saco de respostas aprendidas e isoladas
dos aspectos funcionais.
Por "como o repertório está estruturado" eu me refiro ao
conjunto mais amplo de relações estabelecidas na vida do sujeito, uma relação impactando
a outra de alguma forma (se é que é possível separar, que não didaticamente,
uma relação das outras). Durante o desenvolvimento/processo de mudança, esse
jogo de relações é constantemente balançado e reestruturado. Desse ponto de
vista, o desenvolvimento poderia ser visto como as mudanças na estrutura a
partir das interações que se estabelecem com o meio. É por aí?
Tauane
Beleza! É por aí mesmo! E é tudo junto agora, a cada momento,
herança genética, repertório inicial da espécie, influência do ambiente, etc.
J C Todorov
Aleluia! Acho que entendi! Hahahahaha
Segue em anexo toda a imensa troca de e-mails desses anos.
Tauane
Maio de 2016
Maio de 2016
Só
escrevo para dizer que atualmente consigo ver toda a questão da estrutura,
sobre a qual conversamos. Tenho observado e registrado diariamente o
comportamento de ratos, do dia 1 de vida até os 60... Estou no comecinho da
vida deles ainda. E é justamente isso: a cada coisa nova aprendida, tudo se
reestrutura, mesmo aquilo que não tem relação direta com a nova aprendizagem.
Por exemplo, a ninhada mais velha que tenho está hoje com 9 dias de vida. É a
primeira vez que conseguem sustentar a cabeça erguida, sem precisar apoia-la em
algum lugar. Isso fez revoluções:
- agora os ratos podem virar a cabeça para cima, o que fez também surgir a resposta de encostar as patas dianteiras nas paredes e vai tornar mais provável o "levantar-se";
- as formas possíveis de mamar se ampliaram muito, de modo que eles não precisem mais de um apoio completo para mamar ou mesmo se dependurar na mama da mãe;
- eles começaram a farejar (o que eu achei incrível, porque nunca tinha pensado na relação de uma coisa com a outra!);
- a forma de se locomover se tornou bem mais rápida, provavelmente por eles terem que arrastar uma parte a menos (a cabeça) enquanto se mexem.
- agora os ratos podem virar a cabeça para cima, o que fez também surgir a resposta de encostar as patas dianteiras nas paredes e vai tornar mais provável o "levantar-se";
- as formas possíveis de mamar se ampliaram muito, de modo que eles não precisem mais de um apoio completo para mamar ou mesmo se dependurar na mama da mãe;
- eles começaram a farejar (o que eu achei incrível, porque nunca tinha pensado na relação de uma coisa com a outra!);
- a forma de se locomover se tornou bem mais rápida, provavelmente por eles terem que arrastar uma parte a menos (a cabeça) enquanto se mexem.
O levantar a cabeça,
obviamente, foi precedido de outras coisas. Por exemplo, eles nascem com a
mesma espessura de cabeça, pescoço e restante do corpo. Com o passar dos dias,
o corpo e a cabeça vão ficando mais robustos - o corpo muito mais do que a cabeça!
Aos 9 dias, a cabeça é mais fina que o resto do corpo e o pescoço mais fino que
ambos. As patas também crescem e parte da região lombar se torma mais
protuberante, de forma a fazer uma ondulação nas costas deles. Por fim, nos
primeiros dias de vida ocorre um fortalecimento da musculatura do pescoço e da
cabeça, porque os filhotes empurram com a cabeça quase qualquer barreira que
encontram na frente - isso tem um grande valor de sobrevivência, porque torna
viável que eles consigam entrar embaixo da mãe para mamar. Todos esses aspectos
juntos tornam possível a resposta de sustentação dessa região.
Para mim, é um exemplo claro de
reestruturação do repertório. Ou seja, muitas relações se reestruturam a partir
de uma nova! Enfim... Queria dividir isso com você e perguntar se você
considera um exemplo do que conversamos ao longo dos últimos anos a respeito do
papel da estrutura.
Tauane Gehm
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