terça-feira, 21 de setembro de 2010

ABORDAGENS DINAMICAS EM ANALISE DO COMPORTAMENTO

Em interações comportamento-ambiente (Harzem & Miles, 1978, Todorov, 1989-2007) certas alterações ambientais que ocorrem como conseqüência de algum comportamento agem para manter ou mudar esse comportamento. Uma das tarefas da análise do comportamento é entender como isso ocorre (mas não é a única nem necessariamente a mais importante). Skinner (1938, 1953) trabalhou com um modelo de explicação de unidades discretas – respostas e classes de respostas, assim como Sidman trabalha com classes de equivalência de respostas, estímulos e reforços, todos eventos discretos. Mais recentemente abordagens dinâmicas têm sido oferecidas por analogia com a física (Killeen, 1992, Marr, 1992, 2006, Davison, Elliffe & Marr, 2010). Até recentemente uma contingência era definida como uma sentença do tipo ^se..., então^, e tida como a principal variável independente da psicologia experimental (Todorov, 1982, 1989, 1991, 2002, 2004). Da maneira como sempre foi usada, a contingência resulta em funções de feedback molares, por natureza um sistema dinâmico (Davison et al., 2010).
Em pesquisas típicas de analise experimental do comportamento, quando uma função de feedback relaciona taxa de respostas com taxa de reforços, normalmente perguntamos como mudanças em taxas de reforços mudam taxas de respostas. O caso óbvio é o do esquema de razão fixa, no qual há uma proporcionalidade entre aumentos na taxa de respostas e aumentos na taxa de respostas. Há uma função de feedback positivo que gera altas taxas de respostas mesmo para razões fixas de baixo requisito de respostas e grandes pausas, com taxas de respostas iguais a zero, para razões fixas muito altas.
Há funções de feedback negativo que são bem conhecidas, como os esquemas de reforço de baixas taxas de respostas (drl), nos quais aumentos nas taxas de respostas produzem diminuição nas taxas de reforços (Ferster & Skinner, 1957) e conseqüentemente diminuições nas taxas de respostas aumentam as taxas de reforços, resultando em taxas baixas em estados estáveis (Sidman, 1960). Do ponto de vista do procedimento o que se faz é fixar um valor t de tempo mínimo entre duas respostas consecutivas para que a segunda possa ser reforçada. Na Teoria dos Sistemas Dinâmicos (Davison, Elliffe & Marr, 2010) esses equilíbrios dinâmicos são chamados de atractores.
Se tudo isso parece muito estranho para você, recomendo ler o que M Jackson Marr andou escrevendo nos últimos 20 anos.

Referencias bibliográficas e leituras recomendadas.

Baum, W. M. (1989). Quantitative prediction and molar description of the environment. The Behavior Analyst, 12, 167–176.
Davison, M., Ellife, D., & Marr, M. J. (2010). The effects of a local negative feedback function between choice and relative reinforcer rate. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 94, (2), 197-207.
Davison, M., & Alsop, B. (1991). Behavior-dependent reinforcer-rate changes in concurrent schedules: A further analysis. Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 56, 1–19.
Davison, M., & Kerr, A. (1989). Sensitivity of time allocation to an overall reinforcer rate feedback function in concurrent interval schedules. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 51, 215–231.
Ferster, C. B., & Skinner, B. F. (1957). Schedules of reinforcement. New York: Appleton-Century-Crofts.
Harzem, P., & Miles, T.R. (1978). Conceptual issues in operant psychology. New York: John Wiley & Sons.
Killeen, P. R. (1992). Mechanics of the animate. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 57, 429–463.
Marr, M. J. (1992). Behavior dynamics: One perspective. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 57, 249–266.
Marr, M. J. (2006). Food for thought on feedback functions. European Journal of Behavior Analysis, 7, 181–185.
Sidman, M. (1960). Tactics of scientific research. New York, NY. Basic Books.
Skinner, B. F. (1938). The behavior of organisms. New York, NY Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York, NY. McMillan.
Soto, P. L., McDowell, J. J., & Dallery, J. (2006). Feedback functions, optimization, and the relation of response rate to reinforcement rate. Journal of the Experimental
Analysis of Behavior, 85, 57–81.
Todorov, J. C. (1982). Behaviorismo e análise experimental do comportamento.
Cadernos de Análise do Comportamento, 3, 10-23.
Todorov, J. C. (1989;2007). A psicologia como o estudo de interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23 (especial), 57-61.
Todorov, J. C. (1991). O conceito de contingência na psicologia experimental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 7 (1), 59-70.
Todorov, J. C. (2002). A evolução do conceito de operante. Psicologia: Teoria. e Pesquisa.18 (2).
Todorov, J. C. (2004). Da Aplysia à Constituição: Evolução de conceitos na análise do comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17 (2), 151-156.
Todorov, J. C., Souza, D. G., & Bori, C. M. (1993). Momentary maximizing in concurrent schedules with a minimum interchangeover interval. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 60, 415-435.

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